Abordagens do Fenômeno Religioso (FS)

Frithjof Schuon – Abordagens do Fenômeno Religioso (FS-APR)

“As catedrais frequentemente, e talvez sempre, contêm irregularidades intencionais que significam que somente Deus é perfeito e capaz de perfeição; que as obras humanas, como o próprio homem, são necessariamente imperfeitas. E isso se aplica a todo o universo, portanto, a tudo o que não é Deus; ‘por que me chamas bom?’, disse Cristo. Não devemos nos surpreender, portanto, que esse princípio também englobe o domínio do sagrado… e, acima de tudo, as próprias religiões.”

Este livro é dirigido a qualquer pessoa que deseje compreender profundamente o que é uma verdadeira religião, seus aspectos positivos, ou seja, seu caráter sobrenatural, mas também suas limitações, pois uma religião não é igual a outra. Ele está dividido em três partes: I) Doutrina Geral, II) Cristianismo e III) Islamismo.

O primeiro capítulo, “Intuição Decisiva”, relembra os fundamentos metafísicos de toda religião revelada, fundamentos que lhe conferem poder e legitimidade. Ele também responde às objeções clássicas dos não-crentes e dos racionalistas quando criticam as contradições da imagética religiosa e o dogmatismo; finalmente, relembra que a presença, na história da humanidade, da arte sagrada e dos santos em todas as religiões deveria ser uma prova suficiente, para quem tem senso de proporção, da justificação da e das religiões.

O segundo capítulo, “Ambiguidade do Exoterismo”, desenvolve sob novas perspectivas um tema já amplamente abordado em outros livros, ao mesmo tempo em que tem a vantagem de analisar mais sistematicamente a noção de exoterismo em si e os diversos planos aos quais ela pode se aplicar: um capítulo valioso para ajudar a resolver confusões frequentes no uso dessa noção. Os dois problemas da predestinação e do mal são tratados de tal forma que se vê como a perspectiva metafísica permite, melhor do que as teologias, resolver as dificuldades que eles apresentam. Um problema espinhoso, o do inferno eterno, também é estudado em detalhes. A teologia dos exoterismos monoteístas é apresentada em sua verdadeira luz, mas também em suas limitações, o que prepara o leitor para as outras duas partes do livro, que tratam de duas grandes religiões, o Cristianismo e o Islamismo.

No que diz respeito ao Cristianismo, Schuon trata primeiro da complexidade do dogmatismo no catolicismo, na Ortodoxia e no Protestantismo e relaciona essa noção com o que ele chama de assistência do Espírito Santo. Essa análise resulta em uma distinção muito valiosa entre dogmas “informantes” (aqueles que expressam diretamente a verdade) e dogmas “funcionais” (aqueles que têm essencialmente o objetivo de determinar atitudes morais e espirituais e que podem ser errôneos, mas eficazes). Em seguida, há uma análise das divergências entre as três confissões cristãs, com insights esclarecedores sobre a noção de sucessão apostólica, redenção histórica, salvação e graça, além de observações sobre as divergências rituais (a Ceia Luterana e a Eucaristia). Um capítulo notável sobre a Santa Virgem (O Trono da Sabedoria) expressa uma dimensão especial sobre a incomparabilidade e a unicidade “avatárica” da Virgem Maria. Não é sem significado notar que este capítulo encerra a parte sobre o Cristianismo e, de certa forma, introduz a parte sobre o Islamismo, já que Maria é, com razão, o elo sagrado por excelência entre as duas religiões.

A parte sobre o Islamismo é duas vezes mais longa, tanto porque essa religião é muito menos conhecida e compreendida pelos leitores ocidentais em geral, quanto porque fornece exemplos particularmente esclarecedores do que é o fenômeno religioso. Após relembrar o que, metafisicamente, caracteriza essencialmente o Islamismo e seu sentido rigoroso do Absoluto, Schuon dedica algumas páginas ao antinomismo dialético, cujo protótipo, ele escreve, “nos é fornecido, em suma, pela diversidade das religiões: aparentemente falsas uma em relação à outra, elas são verdadeiras cada uma em si mesma e, além disso, escondem – e provocam – uma verdade comum e unificadora, que será da ordem da sabedoria primordial e perene.” Todos os capítulos seguintes interessarão aos leitores que desejam alcançar uma compreensão não sectária e não confessional do fenômeno religioso islâmico, uma compreensão que, no entanto, restitui a esse fenômeno todo o seu valor. Vale destacar o último capítulo, muito revelador, senão “revelado”, sobre o Mistério da Substância Profética, que complementa profundamente o capítulo sobre o Profeta em “Compreender o Islamismo”.

Resumo acima e tópicos abaixo traduzidos do site francês dedicado a Schuon, sobre o qual estaremos aditando excertos traduzidos desta obra.

Abordagens do fenômeno religioso — resumo