Cristianismo/Islã. Visões de Ecumenismo esotérico (FS)

Frithjof Schuon – Cristianismo/Islã. Visões de Ecumenismo esotérico

Este livro extremamente rico e original no âmbito da obra de Schuon aborda questões muito diversas, mas expressa sempre o mesmo olhar da Sophia Perennis, ou seja, o do “discernimento dos espíritos”, em relação a tudo o que é humano. Ele é, na verdade, a prova por excelência de que o único “humanismo” possível e autêntico é o da Sophia Perennis. É por isso que a maior parte da obra é dedicada à exposição de uma antropologia integral. Esta é um modelo notável de aplicação metafísica ao humano e opera, no leitor impregnado pelo espírito do tempo, uma verdadeira ‘purificação’ libertadora.

A questão da relação entre o Islã e o Cristianismo, que Massignon havia colocado em seu tempo, não perdeu sua atualidade, muito pelo contrário. A abordagem proposta por Frithjof Schuon neste livro dá continuidade à de *Compreender o Islã*. Neste último, que é considerado um dos melhores livros sobre o Islã já publicados no Ocidente e que foi traduzido para vários idiomas, o autor se dirigia a leitores ocidentais e utilizava muitas referências, por um lado ao Cristianismo, e por outro à Sophia Perennis, para ajudá-los a compreender melhor, apesar de todos os obstáculos confessionais e intelectuais que podem se interpor em tal empreendimento, uma perspectiva religiosa que não podia mais ser ignorada. Este livro aborda questões mais técnicas sobre as duas religiões, ao mesmo tempo que traz novas informações sobre o Cristianismo, a liturgia, a questão da epiclese e, sobretudo, o Evangelismo, comparando as perspectivas morais entre o Cristianismo e o Islã e esclarecendo as condições para um verdadeiro ecumenismo. Por fim, desenvolve pontos particularmente delicados da teologia islâmica e relembra de forma sintética o conteúdo de *Compreender o Islã*.

O capítulo sobre o Evangelismo certamente despertará o interesse de qualquer católico que queira compreender em profundidade esse fenômeno religioso de tipo “pauliniano” inaugurado por Lutero. O final do capítulo sobre as Alternâncias no Monoteísmo Semita menciona a Santa Virgem como um “elo” providencial entre o Cristianismo e o Islã, o que não deixará de impressionar qualquer pessoa desejosa de promover um ecumenismo preocupado em preservar a integridade exterior e exotérica das duas religiões, ao mesmo tempo que estabelece um vínculo vivo no nível místico e espiritual.

Resumo e tópicos abaixo traduzidos de site francês dedicado a Schuon, sobre o qual estaremos aditando excertos traduzidos desta obra.

Cristianismo/Islã. Visões de Ecumenismo esotérico — resumo

  • Cristianismo
    • A margem das improvisações litúrgicas
      • Das duas maneiras divergentes de conceber a liturgia
      • O ‘desenvolvimento’ litúrgico
      • Os primeiros Cristãos
      • A simplicidade original
      • Pode-se inventar uma liturgia?
      • A questão das línguas litúrgicas
      • Caráter aristocrático das línguas antigas
      • Do abandono do latim
      • Deterioração geral das línguas
      • Dos direitos supostos de “nosso tempo”
      • Da religião das catacumbas à religião de estado
      • Da manifestação progressiva do gênio religioso
      • Liturgia e arte/artesanato
      • Problema da readaptação litúrgica
    • O enigma da Epiclese
    • A questão do Evangelismo
      • As três grandes confissões do Cristianismo
      • Evangelismo luterano e Protestantismo liberal
      • Arquétipos das religiões
      • Necessidades da alma germânica em relação às latinas e às gregas
      • Diferença entre uma heresia intrínseca e extrínseca
      • Do arianismo
      • Todo exoterismo religioso é “herético” em relação às outras religiões e à sophia perennis
      • Dos concílios e da Reforma
      • A Igreja romana e o mundo do Evangelho
      • O que permitiu a Lutero de se separar de Roma?
      • Aspecto tipicamente paulino do Evangelismo
      • Papel dos papas na explosão luterana
      • Cada confissão manifesta o Evangelho de uma certa maneira
      • Iconoclasmo protestante e iconoclasmo de Bernardo de Clairvaux
      • Do celibato dos padres imposto por Gregório VII depois de mil anos de prática contrária
      • Falta de realismo de Lutero
      • Os conselhos evangélicos e os votos monásticos
      • Lutero e Calvino, diferenças
      • A poderosa personalidade de Lutero
      • As duas heranças da mensagem luterana
      • Os grandes temas de Lutero: a Escritura, o Cristo, o Interior, a
      • Diferença de perspectiva a respeito da Ceia entre Lutero e Zwingle
      • Ceia luterana e Comunhão católica
      • Lutero e o pessimismo antropológico de Agostinho de Hipona
      • Salvação e consciência do pecado
      • Da mística atormentada de Lutero
      • Da relação entre a e as obras
      • Do ascetismo
      • Diversas espécies de ascese
      • A ideia do pecado, a questão dos escrúpulos
      • Interpretação gnóstica destas questões
      • Lutero e Shinran, comparação
      • Da predestinação
      • É um erro querer reduzir as obras à predestinação em negando assim a liberdade
      • Da oposição entre a e o conhecimento
      • Da hierarquia religiosa
      • e amor em São Paulo
      • Meios exteriores, arquétipos interiores, princípio da ab-rogação no Corão
      • Obter a graça por um dom sobrenatural e meios naturais
      • Lutero e os “amigos de Deus
      • Gnose e mistério paulino ou bíblico da
  • Problemas intermediários
  • Islã
    • A ideia do “melhor” na ordem confessional
    • Imagens do Islã
      • Equilíbrio entre a contemplatividade e a combatividade no Islã
      • O sentido profundo simbolismo da espada
      • A dimensão política do Islã
      • Da alma árabe
      • Das três esferas de todas religiões
      • Do xiismo
      • Das divergências confessionais entre os xiitas e os sunitas
      • O caso do oásis Fadak
      • Do caso estranho de Fâtimah
      • Mamomé e Ali, duas personalidades diferentes
      • Do imamismo
    • Dilemas da escolástica muçulmana
    • O Paraíso como teofania
      • A respeito de 2 hadîths sobre os habitantes do Paraíso
    • Atomismo e criação
      • O unitarismo asharita, atomismo e ocasionalismo
      • Dos motazelitas
      • Quadro metafísico e cosmogônico em resposta à questão do “porque” e do “como” da criação
    • Do Querer divino
      • Esclarecimento do enigma “Deus faz o que quer”
      • Do “Deus perdido” do Corão
      • Do dizer de Ghazâlî que Deus não tem nenhuma obrigação a respeito do que quer que seja
      • A questão da Subjetividade divina
      • Da Mâyâ cósmica
      • Da razão de ser da contingência