GTUFS
No caminho do amor (o bhakti-marga hindu, o mahabbah do sufismo), a atividade especulativa – que por definição é de ordem intelectual – não desempenha um papel preponderante, como no caso do caminho do conhecimento (jnana-marga, ma’rifah); o “amante” – o bhakta – deve obter tudo por meio do amor e da Graça Divina; considerações doutrinárias, por mais paradoxais que possam parecer, dado o caráter iniciático da bhakti, não têm neste caminho a importância crucial que têm no jnana . . . para amar, é preciso limitar ou, melhor dizendo, direcionar a atenção para um único aspecto da Realidade, sendo a consideração da Verdade integral mais ou menos incompatível com o subjetivismo de um amor exclusivista. O caminho do amor é comparável a um ritmo ou a uma melodia, não a um ato de raciocínio; é um caminho da “beleza”, não da “sabedoria”, se assim se pode expressar, correndo o risco de parecer dizer que a beleza é sem sabedoria e a sabedoria sem beleza; em suma, a perspectiva do bhakta compreende limitações inevitáveis devido ao caráter subjetivo e emocional do método “bhakti”.
Em matéria de doutrina, o bhakta não tem nada a resolver por meio da inteligência sozinha, é toda a religião que “pensa” por ele, por meio de todos os símbolos – escritos ou outros – que possui. (FSOC, Modos de Realização Espiritual)