Conhecimento

(DRG)

O único Conhecimento (Jnâna) digno desse nome, para René Guénon, é aquele em que sujeito e objeto não são apenas unificados, mas ainda mais: identificados. A Intuição Intelectual é o que permite esta identificação, uma intuição não só na origem do Conhecimento, mas do “Conhecimento” como tal. Guénon também escreve que não existe outro Conhecimento verdadeiro senão o Conhecimento que participa em um grau mais ou menos importante do Conhecimento intelectual puro, que não existe Conhecimento eficaz exceto aquele que permite uma penetração real na própria natureza das coisas, uma penetração plenamente realizada apenas no Conhecimento metafísico total.

Utilizando a famosa fórmula de Aristóteles, Guénon afirma que “conhecer e ser são uma e a mesma coisa”, dois aspectos sem dualidade de uma realidade única e idêntica. O Ato de Conhecer, porém, apresenta dois “períodos”: a identificação do sujeito com o objeto e a assimilação do objeto pelo sujeito. Com efeito, esta “assimilação”, que ocorre quando as coisas são alcançadas na sua essência, é uma espécie de expressão daquilo que somos capazes de “realizar”, porque se a ideia pode penetrar nas coisas, as coisas mostram que são penetradas completamente pela ideia. Isto leva à seguinte observação: não podemos dizer que existe um domínio subjetivo e objetivo, como afirma erroneamente a filosofia moderna, mas uma “Existência única”, a expressão de um Princípio único e único. Além disso, a particularidade do Conhecimento metafísico é que não pode ser comunicado, porque se relaciona com uma ordem específica de realização. Pode ser sugerido por trás do véu dos símbolos, sempre traduzidos de maneira muito desajeitada em palavras, mas nunca totalmente explicados. Este caráter incomunicável dificulta a sua transmissão e obriga aqueles que desejam empenhar-se na sua descoberta a realizar um trabalho interior profundo, para além do pensamento, permitindo possivelmente, porque nestas matérias nada pode ser garantido, a esperada compreensão.

René Guénon sempre especificará que o Conhecimento teórico é uma preliminar essencial (a única verdadeiramente essencial), para a realização da Realização, pela dissipação da ignorância. Preliminares que devem então ser reforçados pela Concentração, sendo esta explicada pela relação direta que a concentração tem com o Conhecimento. Certamente, certos modos de transmissão (incluindo os caminhos orientais da Sabedoria), além de todas as representações formais ou conceituais, podem aproximar as pessoas do verdadeiro Conhecimento. Mas o esforço pessoal nestes caminhos é muitas vezes demasiado considerável para os ocidentais, o que consequentemente torna a prática de difícil acesso.

Finalmente, lembremos que o Conhecimento que não é absolutamente equivalente à consciência, para ser entendido em sua totalidade, deve imperativamente ser coextensivo não apenas com o Ser, mas com a própria Possibilidade universal, portanto ser infinito como este necessariamente é. Isto significa concretamente que o Conhecimento e a Verdade, deste ângulo preciso de abordagem metafísica, nada mais são do que “aspectos do Infinito”, daí a famosa fórmula do Vêdânta: satyam jnânam anantam Brahma (Brahma é a Verdade, o Conhecimento, o Infinito); O Conhecimento Universal é idêntico à Verdade.

(IGEDH, ch. X. « La Réalisation métaphysique », ch. IX, « Le Nyâya », ch. XIV, « Le Vedânta ». RGEME, ch. XVI, « Connaissance et conscience ».)

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