Esoterismo-Exoterismo

Schuon

GTUFS

Falar de exoterismo é falar também de esoterismo, e isso significa que as afirmações do primeiro são os símbolos do segundo. (FSCI, O Caminho)

O ponto de vista exotérico é fundamentalmente o ponto de vista do interesse individual considerado no seu sentido mais elevado, ou seja, estendido para abranger todo o ciclo da existência do indivíduo e não limitado apenas à vida terrena. A verdade exotérica é limitada por definição, em razão da própria limitação do fim que se propõe, sem que essa restrição, contudo, afete a interpretação esotérica a que essa mesma verdade é suscetível graças à universalidade do seu simbolismo ou, antes, graças à dupla natureza, interior e exterior, da própria Revelação; daí decorre que um dogma é ao mesmo tempo uma ideia limitada e um símbolo ilimitado. Para dar um exemplo, podemos dizer que o dogma da unicidade da Igreja de Deus deve excluir uma verdade como a da validade de outras formas religiosas ortodoxas, porque a ideia de universalidade religiosa não tem utilidade particular para o propósito da salvação e pode até exercer um efeito prejudicial sobre ela, uma vez que, no caso de pessoas que não possuem a capacidade de se elevar acima de um ponto de vista individual, essa ideia resultaria quase inevitavelmente na indiferença religiosa e, portanto, no abandono dos deveres religiosos cujo cumprimento é precisamente a condição principal da salvação. Por outro lado, essa mesma ideia de universalidade religiosa – uma ideia que é mais ou menos indispensável ao caminho da Verdade total e desinteressada – está, no entanto, incluída simbolicamente e metafisicamente na definição dogmática ou teológica da Igreja ou do Corpo Místico de Cristo; ou ainda, para usar a linguagem das outras duas religiões monoteístas, o judaísmo e o islamismo, podemos encontrar nas respectivas concepções do “Povo Eleito”, Yisra’el, e “submissão”, Al-Islam, um símbolo dogmático da ideia de ortodoxia universal, o Sanatana Dharma dos hindus. (FSUTR, As Limitações do Exoterismo)

O aspecto exotérico de uma religião é, portanto, uma disposição providencial que, longe de ser censurável, é necessária tendo em vista que o caminho esotérico só pode dizer respeito a uma minoria, especialmente nas condições atuais da humanidade terrestre. O que é repreensível não é a existência do exoterismo, mas sim a sua autocracia invasiva — devida principalmente, talvez, no mundo cristão, à precisão estreita da mente latina — que faz com que muitos daqueles que estariam qualificados para o caminho do Conhecimento puro não só se detêm no aspecto exterior da religião, mas até rejeitam inteiramente um esoterismo que só conhecem através de um véu de preconceito e deformação, a menos que, não encontrando nada no exoterismo que satisfaça sua inteligência, sejam levados a se desviar para doutrinas falsas e artificiais na tentativa de encontrar algo que o exoterismo não lhes oferece e até se encarrega de proibir.

O ponto de vista exotérico está, de fato, condenado a acabar negando a si mesmo, uma vez que não é mais vivificado pela presença em seu seio do esoterismo, do qual é tanto a radiação exterior quanto o véu. É assim que a religião, na medida em que nega as realidades metafísicas e iniciáticas e se cristaliza num dogmatismo literalista, gera inevitavelmente a descrença; a atrofia que se apodera dos dogmas quando são privados da sua dimensão interna recai sobre eles a partir do exterior, sob a forma de negações heréticas e ateístas. (FSUTR, As Limitações do Exoterismo)

Agora, se partirmos da ideia de que os exoteristas não compreendem o esoterismo e que têm, de fato, o direito de não compreendê-lo ou mesmo de considerá-lo inexistente, devemos também reconhecer o direito deles de condenar certas manifestações do esoterismo que parecem invadir o seu próprio território e causar “ofensa”, para usar a expressão do Evangelho; mas como explicar o fato de que, na maioria, senão em todos os casos dessa natureza, os acusadores se privam desse direito pela maneira iníqua com que procedem? Não é certamente não é a sua incompreensão mais ou menos natural, nem a defesa do seu direito genuíno, mas apenas a perfídia dos meios que empregam que constitui o que equivale a um “pecado contra o Espírito Santo”; essa perfídia prova, além disso, que as acusações que consideram necessário formular servem geralmente apenas como pretexto para satisfazer um ódio instintivo por tudo o que parece ameaçar o seu equilíbrio superficial, que é realmente apenas uma forma de individualismo e, portanto, de ignorância. (FSUTR, As Limitações do Exoterismo)

García Bazán

FRANCISCO GARCÍA BAZÁN: RENÉ GUÉNON OU A TRADIÇÃO VIVENTE (GBTV)

La declinación descripta de las religiones y de sus correspondientes efectos civilizadores es, en realidad, el síntoma verificable de una falla fundamental. En efecto, paralela a la distinción entre metafísica y religión circula entre las páginas de Guénon, la diferencia entre esoterismo y exoterismo. Se atiene el pensador franco-egipcio a la etimología nominal para explicar el significado de estos vocablos. Lo esotérico (con la gravitación designativa del prefijo eso = eiso: dentro, en el interior), se refiere a la interioridad, lo íntimo o profundo. Lo exotérico (característica lingual del prefijo exo: fuera, en el exterior) apunta a lo extrínseco, la cara externa o lo superficial. Como desde el punto de vista de los testimonios históricos ambas faces o niveles de una misma realidad se ofrecen conjuntamente en el Islamismo, Guénon trae a la memoria para facilitar una ilustración más exacta las expresiones en árabe: el-ha-qîgah, la “verdad” interior y es-shariyah, “la gran vía”. ESOTERISMO/exoterismo, por lo tanto, como metafísica/religión, constituyen un par de categorías teóricas que responden a fenómenos históricos y que deben, en consecuencia, su presencia positiva al desarrollo mismo de los ciclos cósmicos. Si desde el ángulo estrictamente doctrinal es posible sostener que la pareja de nociones esoterismo/metafísica son categorías más elevadas que las que forman la dualidad exoterismo/religión, desde la perspectiva del despliegue temporal de la tradición se ha de aceptar igualmente que los conceptos de exoterismo/religión corresponden a algo así como una excrecencia externa del par esoterismo/metafísica. En la medida en que el cosmos como una contextura biofísica que incluye al hombre pasiva y activamente, se aleja de sus principios constitutivos, la tradición sufre cambios atenuantes en su traspaso, transformaciones reflejas, analógicas, que posibilitan que lo más interno, verdadero y profundo del universo de lo sagrado, se exprese según medidas más externas, superficiales y generales. El punto se proyecta como circunferencia, pero permanece siendo punto. Este proceso que vamos dibujando que se encuentra en relación directa con la cantidad, se muestra en relación inversa con la calidad. Y en esta circunstancia precisa se descubre el vínculo cjue existe entre la diada conceptual esoterismo/metafísica y la concepción de la iniciación en su nivel sociológico, como centro iniciático al que sostiene el principio de la tradición. Porque si la interioridad se amplía exteriorizándose y con su extensión se debilita, el núcleo inmóvil, sin embargo, debe permanecer firme, para que exista la proyección periférica. Unicamente la trasmisión regular, exacta, completa y cuidadosa del patrimonio tradicional puede sostener el fenómeno del esoterismo y el de su imagen.depauperada, el exoterismo. Los centros o sociedades iniciáticas, en el comienzo de un gran ciclo cósmico o de la manifestación, único y singular, son no sólo la condición que exige la pervivencia de la tradición pura, sino también contaminada bajo su forma exotérica. Por estas razones de peso cuando las agrupaciones regulares esotéricas o iniciáticas desaparecen del seno de una civilización, su ordenamiento exotérico o religioso, corre un gravísimo riesgo, el de la entrega a su propio decurso vertiginoso carente de todo eje de apoyo y con ello, como se comprende fácilmente, su descenso irrecusable hacia la catástrofe. El panorama de Occidente juzgado desde este punto de vista es desolador para Guénon. Aunque con lógica irrebatible en los límites de una concepción desesperada, identifica también nuestro autor cuáles son los únicos medios de solución. La recuperación de la civilización occidental desde adentro, mediante la reconstitución de los centros iniciáticos desaparecidos, pues ellos son la única garantía que mantiene floreciente al exoterismo religioso. Las agrupaciones esotéricas reconstruidas han de ser por necesidad católicas, pues se trata de resucitar el alma de un cuerpo exánime. Este renacimiento también, por obligación, ha de ir precedido por el despertar de minorías espirituales (la famosa elite intelectual tan maltratada en su significación por simpatizantes manipuladores y rivales ideológicos) que comprendiendo cuanto de valor entraña la doctrina tradicional, se adhiera firmemente a ella y colabore para reorganizar la regularización de la verdadera iniciación. Por supuesto que contando con cuantos apoyos le puedan prestar las organizaciones esotéricas existentes y legítimas que bajo diversos rostros se muestran, según se ha podido describir, en el Oriente.