Filo de Alexandria

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Filo de Alexandria pode ter nascido em 30 a.C. Sabe-se, por sua crônica De legatione ad Caium, que ele foi colocado à frente da embaixada enviada pelos judeus de Alexandria em 50 d.C. a Calígula para pedir proteção contra abusos.

Com ele, dizem os manuais, as tradições judaica e grega se fundem, como nos tratados herméticos, a egípcia e a grega. A retórica clássica ordena, nos livros de Filo (com apenas um gosto oriental por jogos aliterativos), um procedimento de análise do texto bíblico que será próprio não apenas dos cabalistas, mas também dos Padres da Igreja. A recepção cristã de Filo é bastante natural, uma vez que ele também expõe o dogma da Trindade e, em uma das passagens que se seguem, basta substituir o termo πόνος, castigo, pelo termo cruz (o castigo no sentido mais próprio que nos foi transmitido) e se terá um discurso perfeito sobre a encarnação; Eusébio espalhou a notícia de que encontrou São Pedro em Roma.

Entre os místicos do Ocidente, ele é o mais rico em notícias acústicas, tanto que Clemente o chama de pitagórico. Vivendo em Alexandria, é natural que nele aflorassem repulsas modernas por horrores que seriam, na decadência do Ocidente, multiplicados: a distinção entre estilo e invenção, a corrupção dos festivais, presa da vulgaridade, a ânsia por estereótipos, listados na passagem do De Mutatione nominum que se segue.

Escreveu Questões e soluções, sobre o Gênesis e o Êxodo, dos quais metade permanece na versão armênia; Alegorias das Leis Divinas, sobre o Gênesis, a suposição de que os personagens do Gênesis são alegorias dos estados da alma; Exposição da lei mosaica para os Gentios, da qual De opificio mundi faz parte; Vida de Moisés; A Providência, preservada em armênio; Sobre os Hebreus, perdido.