Grão

O Grão (dhâtu) é muitas vezes, na tradição hindu, a imagem do Princípio divino que reside no centro do ser. Se o chamamos de Grão é porque ele reside apenas no ser no estado de potencialidade, estamos aqui, portanto, na mesma e idêntica perspectiva do germe, da semente, a menor de todas as formas, mas capaz de se tornar o maior suporte do manifestado. Muitos textos sagrados da Índia comparam o espírito divino (atmâ) com um grão, e Guénon aponta a estranha semelhança destes textos com a parábola evangélica que fala do “Reino dos Céus” idêntico a um grão de mostarda (Mt, XIII, 31-32, Mc, IV, 30-32, Lc, XIII, 18-19). Esta ligação entre a parábola evangélica e os escritos hindus, a respeito do grão percebido como idêntico ao “Reino dos Céus”, parece ser confirmada pelas palavras do próprio Cristo quando diz: “O Reino de Deus está dentro de vós” (Regnum Dei intra vos est), (Lc, XVIII, 21). O grão, segundo Guénon, corresponde portanto “à dupla gradação descendente e ascendente que expressa a ideia de extrema pequenez e a de extrema grandeza”. Por fim, lembremos que falamos de “Grãos” em relação às contas do rosário, Grãos do rosário cuja soma é sempre um número simbólico preciso.

(SFCS, cap. LXI, “A Cadeia dos Mundos”, cap. LXXIII, “O grão de mostarda”.)

Veja Rosário, Germe, Reino.