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Com a religião que veio a predominar no Ocidente, a “humildade” tornou-se uma “virtude” em um sentido não romano, glorificada em oposição à manutenção da força, da dignidade e da consciência calma mencionadas acima. Na Roma antiga, significava exatamente o oposto de qualquer virtus. Significava baixeza, desprezo, baixa condição, abjeção, covardia, desonra – de modo que, por exemplo, podia-se dizer que a morte ou o exílio eram preferíveis à “humildade”: humilitati vel exilium vel mortem anteponenda esse. São frequentes as associações de ideias, como mens humilis et prava, ou seja, mente baixa e má. A expressão humilitas causam dicentium refere-se à condição de inferioridade e culpa dos que são levados a um tribunal. Aqui, também, encontramos uma interferência na ideia de raça ou casta: humilis parentis natus significava nascer do povo em um sentido pejorativo, plebeu, em oposição ao nascimento gentio, portanto, com uma divergência acentuada do sentido moderno “de condição humilde”, especialmente considerando que hoje o critério quase exclusivo de posições sociais é o econômico. De qualquer forma, nunca teria ocorrido a um romano dos bons velhos tempos conceber a humilitas como uma virtude, a ponto de se gabar dela e pregá-la. Quanto a certas “morais da humildade”, pode-se lembrar a observação de um imperador romano de que não há nada mais deplorável do que o orgulho daqueles que se dizem humildes – sem, no entanto, valorizar a presunção e a arrogância.