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O Inexprimível deve ser sempre a parte mais importante em qualquer expressão autenticamente metafísica porque, como escreve Guénon, “tudo o que pode ser expresso é literalmente nada comparado com aquilo que ultrapassa toda expressão, como o finito, qualquer que seja a sua magnitude, e nada comparado com o Infinito”. Com efeito, as palavras e os símbolos devem apenas desempenhar um papel de apoio simples e único para permitir o surgimento da intuição pura, a única intuição capaz de apreender verdades essenciais, princípios eternos e imutáveis.
Guénon insiste, com razão, no fato de que o objetivo supremo é a obtenção do estado absolutamente incondicionado, livre de todas as limitações, este estado é, portanto, por definição e por natureza declarado Inexprimível, tudo o que pode ser dito sobre ele só pode ser feito de um modo negativo, ou seja, uma “negação dos limites que determinam e definem toda a existência na sua relatividade”. Este estado é o que a tradição hindu chama de estado de “Libertação”.
Além disso, o Inexprimível está intimamente relacionado com o mistério do qual sabemos que a raiz grega μυειν tem o significado “calar”, daí o latim mutus (mudo), mistério que tem a sua origem no envolvimento do Ser no Não-Ser, da Unidade no Zero metafísico que, “embora seja a Unidade não afirmada, é também algo mais (e até infinitamente mais)”, este algo “infinitamente mais”, inconcebível, inexpressável, inconceitualizável, intraduzível, o que é propriamente “Inexprimível”.
(RGEME, cap. III, “Ser e Não-Ser”. RGMO)
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