GTUFS
A intuição intelectual compreende essencialmente uma contemplatividade que não entra de forma alguma na capacidade racional, sendo esta última lógica e não contemplativa; é o poder contemplativo, a receptividade em relação à Luz Não Criada, a abertura do Olho do Coração, que distingue a inteligência transcendente da razão. Esta última percebe o geral e procede por operações lógicas, enquanto o Intelecto percebe o principal – o metafísico – e procede pela intuição. A intelecção é concreta em relação às abstrações racionais e abstrata em relação à Concretude divina. (FSSG, Vicissitudes of Different Spiritual Temperaments)
O intelecto é uma faculdade receptiva e não um poder produtivo: ele não “cria”, ele recebe e transmite; é um espelho que reflete a realidade de maneira adequada e, portanto, eficaz. Na maioria dos homens da “era do ferro”, o intelecto está atrofiado a ponto de ser reduzido a uma mera virtualidade, embora sem dúvida não haja uma divisão estanque entre ele e a razão, pois um processo de raciocínio sólido transmite indiretamente algo do intelecto; seja como for, as respectivas operações da razão – ou da mente – e do intelecto são fundamentalmente diferentes do ponto de vista que nos interessa aqui, apesar de certas aparências devido ao fato de que todo homem é um ser pensante, seja ele sábio ou ignorante. Há, ao mesmo tempo, analogia e oposição: a mente é análoga ao intelecto na medida em que é uma espécie de inteligência, mas se opõe a ele por seu caráter limitado, indireto e discursivo; quanto às aparentes limitações do intelecto, elas são meramente acidentais e extrínsecas, enquanto os limites da faculdade mental são inerentes a ela. Mesmo que o intelecto não possa exteriorizar a “verdade total” – ou melhor, a realidade –, porque isso é em si mesmo impossível, ele pode perfeitamente estabelecer pontos de referência adequados e suficientes, assim como é possível representar o espaço por um círculo, uma cruz, um quadrado, uma espiral ou um ponto, etc. Não há dificuldade no fato de que a inteligência pura – o intelecto – supera imensamente o pensamento e que não há continuidade – apesar da identidade da essência – entre um conceito como tal e a realidade, a aseidade do real; lamentar as deficiências do pensamento é pedir-lhe que seja algo que ele não é; este é o erro clássico dos filósofos que procuram encerrar tudo no no cogito. Do ponto de vista do conhecimento concreto – não abstrato – do transcendente, o problema do pensamento se resolve na própria natureza do intelecto.
Existem objetos que excedem as possibilidades da razão; não há nenhum que exceda as da inteligência como tal. (LSelf, Ortodoxia e Intelectualidade)