GTUFS
Em seu significado esotérico, as palavras “Deus”, “divino”, “Divindade” significam nada mais do que os termos Shunya e Nirvana, embora também possam se referir ao Buda e ao Bodhisattva. Que o Absoluto budista não é “nada” puro e simples é evidente por si mesmo: “Para alguns, o Nirvana é um estado em que não poderia haver memória do passado e do presente, sendo assim comparável a uma lâmpada cujo óleo se esgotou, a um grão queimado ou a um fogo que se apagou, pois nesses casos há uma cessação de todos os substratos… Mas isso não é Nirvana, pois Nirvana não é simplesmente destruição e vazio” (Lankavatara-Sutra, XIII). (FSTB, Tesouros do Budismo)
De acordo com um erro muito difundido no Ocidente, a “extinção” espiritual que o budismo tem em vista – pois geralmente é o budismo que é citado – é um “nada”, como se fosse possível realizar algo que não é nada. Ora, ou o Nirvana é nada, caso em que é irrealizável; ou então é realizável, caso em que deve corresponder a algo real. É muito fácil esquecer que o Paraíso – sem mencionar a Bem-aventurança não criada, que não é outra coisa senão o conteúdo positivo do Nirvana – também pode ser considerado uma “aniquilação”, sendo a relação entre a manifestação formal e a não formal análoga àquela entre a manifestação como tal e a não manifestação. (FSTB, Nirvana)
Nirvana (três graus): É necessário distinguir entre três Nirvanas, ou três graus de Extinção, dois dos quais ainda estão na ordem de Maya ou contingência, enquanto o terceiro, Parinirvana, é o Absoluto; se outro Nirvana fosse o Absoluto, não poderia haver questão de um Parinirvana. O primeiro Nirvana é ontologicamente o do Bodhisattva: é a extinção em relação à manifestação formal e corresponde ao grau dos Arcanjos, Céu, Existência; dizemos “ontologicamente” porque o Bodhisattva “vive” nesse nível, mesmo que já tenha realizado o segundo Nirvana, aquele que coincide com o estado do Buda terrestre, ou seja, com a extinção em relação à manifestação universal, que corresponde ao grau do Ser puro. O terceiro Nirvana, além de Maya, é o do Buda celestial ou absoluto: é o Parinirvana, a extinção em relação ao Ser ou a Maya e que corresponde ao Eu supremo dos vedantistas. (FSTB, Mistério do Bodhisattva)
Nirvana / Parinirvana: Nirvana é a extinção em relação ao cosmos, e Parinirvana em relação ao Ser; Nirvana é assim identificado com o Ser, de acordo com uma conexão que é mais iniciática do que propriamente metafísica, uma vez que um “princípio” é aqui representado como um “estado”; e o Parinirvana é identificado com o Não-Ser, ou seja, com a ‘Quiddidade’ divina que, segundo a teologia grega, ‘envolve’ o Ser e que, segundo o sufismo, ‘apaga todos os predicados’ (munqat al-isharat). (FSTB, Nirvana)