Sincretismo

GTUFS

O sincretismo nunca é uma questão de substância: é uma reunião de elementos heterogêneos numa falsa unidade, ou seja, numa unidade sem síntese real; o ecletismo, por outro lado, é natural sempre que diferentes doutrinas coexistem, como prova a integração do platonismo ou do aristotelismo com o cristianismo. O importante, em qualquer caso desse tipo, é que a perspectiva original permaneça fiel a si mesma e só aceite conceitos estranhos na medida em que eles corroborem sua fidelidade, ajudando a iluminar as intenções fundamentais de sua própria perspectiva.

Os cristãos não tinham motivo algum para recusar-se a inspirar-se na sabedoria grega, uma vez que ela estava ao seu alcance, e da mesma forma os muçulmanos não podiam deixar de fazer uso, em certa medida, de conceitos neoplatônicos em sua doutrina mística, assim que tomaram conhecimento deles; mas seria um grave erro falar de sincretismo nesses casos, partindo da falsa suposição de uma analogia entre eles e doutrinas artificiais como as da moderna Sociedade Teosófica. Nunca houve empréstimos entre duas religiões vivas de elementos essenciais que afetassem suas estruturas fundamentais. [FSRMA, A Universalidade do Monasticismo]