GTUFS
É necessário… ser claro quanto ao significado da palavra “sobrenatural”: o sobrenatural pode ser o que é contrário às leis da natureza, mas não pode ser contrário aos próprios princípios do Universo; se chamarmos de “natural” aquilo que simplesmente obedece à lógica das coisas, sem nenhuma outra restrição, o sobrenatural também é natural, mas é-o numa escala muito mais vasta do que a da causalidade física, a deste mundo inferior. O sobrenatural é o “divinamente natural” que, irrompendo num plano eminentemente contingente e limitado do natural, contradiz as leis desse plano, não em virtude da causalidade própria deste último, evidentemente, mas em virtude de uma causalidade muito menos contingente e limitada. [FSDH, O sentido do sagrado]
Virtude (natural/sobrenatural): É importante compreender que as virtudes naturais não têm valor efetivo, a não ser que estejam integradas nas virtudes sobrenaturais, precisamente aquelas que pressupõem uma espécie de morte. A virtude natural não exclui, de fato, o orgulho, a pior das ilogicidades e o vício por excelência; somente a virtude sobrenatural – enraizada em Deus – exclui esse vício que, aos olhos do Céu, anula todas as virtudes. A virtude sobrenatural – que é a única plenamente humana – coincide, portanto, com a humildade; não necessariamente com o humildade sentimental e individualista, mas com a consciência sincera e bem fundamentada de nossa nadidade diante de Deus e de nossa relatividade em relação aos outros. Para sermos concretos, diríamos que uma pessoa humilde está pronta a aceitar mesmo uma crítica parcialmente injusta, se ela contiver um grão de verdade e se vier de uma pessoa que, se não perfeita, seja pelo menos digna de respeito; uma pessoa humilde não está interessada em que se reconheça a sua virtude, está interessada em superar-se a si mesma; portanto, em agradar mais a Deus do que aos homens. [FSAC, Enquadramento da Antropologia Integral]