Raízes da Condição Humana (FS)

Frithjof Schuon – Raízes da condição humana (FSRCH)

Como indica o título deste livro, trata-se aqui dos princípios fundamentais da metafísica universal e perene e da sua aplicação na vida espiritual e moral. O livro está dividido em três partes: a primeira aborda a metafísica e a epistemologia, a segunda, o esoterismo e a sua interpretação das religiões, enquanto a terceira enfatiza a vida espiritual e moral. Tudo começa com a inteligência como princípio de discernimento. Schuon define-a, à luz da sabedoria tradicional, como uma intuição da Realidade, ou como um discernimento entre o Real e o ilusório, que deve manifestar-se em todos os níveis do ser. O seu principal órgão não é a mente, que é a sede da razão discursiva, mas o Coração, que não é outro senão o centro intuitivo e existencial do homem. A razão deixada a si mesma é incapaz de levantar o “véu de Ísis” ou o Mistério da Realidade, porque está sempre exterior ao seu objeto. A este respeito, Schuon dedica um capítulo importante às limitações da ciência moderna. Esta está condenada ao fracasso porque procede por meio de uma exploração indefinida dos fenómenos, permanecendo inconsciente da Identidade Suprema entre o Objeto e o Sujeito na Unidade divina. Dado o seu a priori epistemológico, a ciência moderna só pode ser cega às “provas” subjetivas e objetivas de Deus. As provas objetivas incluem a existência pura, a extensão indefinida do espaço e do tempo e as qualidades existenciais, que testemunham, respectivamente, a Realidade Absoluta, Infinita e Perfeita do Uno. Do lado das provas subjetivas, o paradoxo da pluralidade dos “eus” tende, em última análise, para a única e singular realidade do Eu divino. A imanência do Eu divino está também no centro da dimensão salvífica do Divino, que é examinada em dois capítulos essenciais dedicados à divina Shakti — a energia celeste e cósmica que nos atrai para dentro — e à complementaridade entre o karma e a graça — o primeiro expressando a necessidade do Absoluto, a segunda a liberdade do Infinito. A abordagem esotérica permite a Schuon fornecer ao leitor uma fenomenologia magistral e luminosa das religiões, que o conduz ao coração metafísico e sapiencial das diversas crenças religiosas. Dois capítulos surpreendentemente sintéticos são dedicados ao Cristianismo e ao Islão, revelando a dimensão interior e a especificidade de cada uma destas religiões. Schuon propõe definir o Cristianismo parafraseando a fórmula patrística “Deus fez-se homem para que o homem se faça Deus”. A primeira parte desta fórmula é a chave para uma compreensão mais profunda da Eucaristia, do Ícone e do nome divino como veículos da Presença divina. Quanto ao Islão, Schuon considera-o como a forma religiosa que manifesta a substância de todas as religiões pela sua simplicidade, primordialidade e carácter final. O Islão de Schuon é essencial e universal, como prova a maneira pela qual ele relaciona os cinco pilares desta religião com o seu significado espiritual interior. Como noutras obras de Schuon, a metafísica e a religião comparada encontram o seu complemento espiritual e moral necessário na ciência profunda das virtudes. Para Schuon, a quintessência das virtudes é a veracidade e a sinceridade, ou a conformidade com a Verdade e as consequências que ela implica. Um último capítulo dedicado ao significado espiritual do amor mostra como os amores terrestres são fundamentalmente portas abertas ao amor de Deus, que é a sua essência. Num mundo cada vez mais preocupado com a periferia fenomenal das coisas, este livro traz uma mensagem, hoje tão necessária, de regresso às raízes do nosso ser, sem o qual a nossa vida não passa de uma agitação frívola ou de uma atividade insignificante de formigas humanas.

Resumo acima e tópicos traduzidos do site francês dedicado a Schuon (Racines de la condition humaine), sobre o qual aditaremos traduções de excertos da obra

I. Princípios e Raízes

II. Perspectivas fundamentais

III. Dimensões morais e espirituais