EvolaAC
“Virtude”, no sentido moderno, não tem quase nada a ver com a antiga virtus. Virtus significava força de espírito, coragem, proeza, firmeza viril. Estava ligado a vir, um termo que designava o homem como tal, não o homem em um sentido genérico e naturalista. A mesma palavra na linguagem moderna, por outro lado, assumiu um sentido essencialmente moralista, muitas vezes associado a preconceitos sexuais, tanto que, referindo-se a ela, Vilfredo Pareto cunhou o termo “virtuismo” para designar a moralidade burguesa puritana e sexualmente fóbica. De modo geral, quando dizemos “pessoa virtuosa” hoje em dia, pensamos em algo bem diferente do que, com uma reiteração muito eficaz, expressões como esta poderiam significar: vir virtute praeditus. E a diferença pode, não raro, transformar-se quase em uma antítese. De fato, uma alma firme, orgulhosa, intrépida e heroica é o oposto do que significa uma pessoa “virtuosa” no sentido moralista e conformista moderno.
O sentido de virtus como uma força eficiente só sobreviveu em certas locuções modernas específicas: a “virtude” de uma planta ou remédio, “em virtude” desta ou daquela coisa.