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O Tempo é sempre considerado em três modalidades, ou seja, o passado, o presente e o futuro ou Futuro. Este aspecto triplo do tempo, também chamado de “tempo triplo” (trikâla), pode dar a impressão de uma certa linearidade do tempo quando é essencialmente de natureza cíclica. É por isso que o verdadeiro lugar da presença temporal do homem é este ponto central ou “meio do tempo”, comparável ao Ming-tang do Imperador Chinês, o meio do ciclo localizado num presente eterno.
No nível das perspectivas, pode ser possível que um ser que está fora da condição temporal não tenha mais passado nem futuro, portanto, não coloque mais diferença ou distinção entre esses dois termos, “tudo lhe aparecendo em perfeita simultaneidade”. Porém, um ser localizado no tempo está necessariamente colocado entre o passado e o Futuro, mas se a meta traçada pela Providência é a perfeição de todos os seres, o tempo Futuro, o futuro ou “Devir”, surge da necessária realização do trabalho providencial. Guénon sublinha, portanto, que a expressão “o presente pertence aos homens, o futuro pertence a Deus”, é uma forma de afirmar que “é efectivamente o futuro (ou o Futuro), entre as modalidades do “tempo triplo”, que constitui o domínio próprio da Providência, como exige a simetria desta última com o Destino que tem o passado como domínio próprio, porque esta simetria deve necessariamente resultar do fato de estes dois poderes representarem respectivamente os dois termos extremos do “universal ternário”.
(RGGT, cap. XXII, “O Tempo Triplo”.)
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