A compreensão do Absoluto é, certamente, uma das principais bases fundamentais, cuja aquisição é essencial para qualquer abordagem verdadeira do conhecimento metafísico. Obviamente, segundo René Guénon, não é possível definir aquilo que, em princípio, não pode ser definido, sendo portanto indefinível, inexprimível, “inexpressável”. Contudo, não é proibido, muito pelo contrário, questionar uma noção eminentemente central dentro da perspectiva espiritual que caracteriza o caminho tradicional que conduz à realização.
Notaremos, porém, de antemão, que René Guénon muito raramente usa a expressão “Absoluto” para indicar o que para ele é antes significado sob o nome de Infinito, Possibilidade, ou mesmo Tudo. Acrescentemos, para todos os efeitos práticos, que Guénon distingue o Absoluto, ou Possibilidade, do Ser, que é apenas uma forma extremamente limitada de determinação. Na verdade, o Absoluto não pode fazer parte de algo, “o Universal” não pode ser encerrado ou compreendido em nada.
O Absoluto só pode ser caracterizado pelo Infinito, pois não sendo limitado por nada, não deixa nada fora de si. A particularidade da ideia do Absoluto exige, portanto, que ela só possa ser expressa por termos de formas negativas, e isto na medida em que a linguagem, assim como qualquer afirmação positiva, é necessariamente “objetivadora”, portanto limitada. Como tal, sendo o Absoluto elusivo fora dos seus atributos, só o uso da negação, exercida na determinação e na limitação pode, de certa forma, tornar perceptível a dimensão autêntica do “Absoluto”.
(Introdução geral ao estudo das doutrinas hindus (IGEDH), capítulo VIII, “Pensamento metafísico e pensamento filosófico”.)
Veja Brahma, Infinito, Negação, Origem.