Se as Faculdades de um indivíduo são teoricamente indefinidas do ponto de vista da sua possível extensão, estão, no entanto, sujeitas a um número definido e limitado, que uma subdivisão ou dissociação efectuada sobre elas, como é frequentemente praticado pelos modernos, não lhes permite aumentar verdadeiramente.
Não tendo Guénon querido entrar em pormenores sobre as diversas faculdades individuais, e isto sem dúvida pelo desejo de evitar ao máximo qualquer abordagem psicológica que, como sabemos, lhe fosse totalmente estranha, observaremos, portanto, uma reserva idêntica sobre esta questão.
Apontaremos simplesmente a precisão que o próprio Guénon fez, relativamente à hierarquia das Faculdades, uma precisão que “nos permite explicar melhor o que podem ser os múltiplos estados, dando de alguma forma uma imagem reduzida, entendida dentro dos limites da possibilidade humana individual”. Esta hierarquia é de facto muito mínima por natureza, uma vez que as ligações entre a manifestação corporal e a manifestação subtil estão intimamente misturadas pela sua ligação ao Princípio. Guénon aproveita isto para estigmatizar o dualismo que cria uma separação entre a ordem corporal e outras ordens individuais, uma vez que estas ordens estão localizadas “no mesmo nível no Todo da Existência universal, e consequentemente em todos os estados de ser”. Podemos, portanto, ver aqui claramente que a separação espírito/matéria sofre de uma profunda incompreensão metafísica, no que diz respeito aos importantes elos que entrelaçam todas as ordens de Manifestação. A este respeito, bastará lembrar que as faculdades individuais estão sempre situadas ao nível de um estado único e idêntico de ser total, ou seja, a horizontalidade em relação à formalização geométrica do ser, enquanto a distinção hierárquica dos estados é, pelo contrário, colocada de acordo com uma perspectiva de verticalidade. O que concretamente significa antes de tudo que o contacto nestes dois eixos só se produz no ponto de encontro entre eles (ou seja, uma virtual ausência de lugar para a horizontalidade em relação ao eixo vertical, pois diz respeito apenas a um e apenas um ponto da sua escala), mas que, sobretudo, do ponto de vista da doutrina, “a diferença nas modalidades individuais referentes apenas ao sentido de “grandeza”, é estritamente zero segundo o de “exaltação””.
(RGEME, cap. IX, “A hierarquia das faculdades individuais”, cap. X, “Os limites do indefinido”.)
Veja Individualismo, Apocalipse.