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A Flor é um elemento relativamente comum do Simbolismo universal. Incorporando o Princípio de Manifestação feminino ou passivo, a Flor é assimilada a Prakriti (substância universal). Esta assimilação aproxima-se, obviamente, da noção de receptáculo, taça, vaso recebendo influência divina, do Graal acolhendo sangue divino.
A realização das possibilidades do ser é muitas vezes representada simbolicamente pelo desabrochar de uma Flor na superfície das “Águas”. Esta Flor é, na maioria das vezes no Oriente, um lótus, e no Ocidente uma rosa ou um lírio. Guénon aponta ainda a relação entre estas flores emblemáticas e o símbolo celta da roda, símbolo que representa a rotação do mundo em torno do “Pólo”. É também interessante notar esta observação de Guénon, a propósito da transformação das gotas de sangue do Deus mortalmente ferido, num paralelo que reúne o mito de Adónis (cujo nome também significa “Senhor”), e de Cristo num vitral do século XII da catedral de Angers, “onde o sangue divino que flui num riacho floresce em forma de rosas”. Na mesma linha, não podemos deixar de pensar, claro, no contexto das gravuras que introduzem elementos florais, na conhecida imagem da rosa representada no centro da Cruz que, na alquimia, simboliza a “quintessência”.
(SFCS, cap. IX, “As flores simbólicas”. RGSC, cap. XXIV, “O raio celestial e seu plano de reflexão”. RGRM, cap. II, “Realeza e pontificado”. RGEC, cap. IX, “O Sagrado Coração e a lenda do Santo Graal”.)
Veja Coração, Rosacruz, Orvalho.