Fogo

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Ao mesmo tempo luz e calor, o Fogo (Têjas) como elemento ígneo sensível é um dos cinco bhûtas a partir dos quais toda a manifestação material é constituída. Esta pertença aos bhûtas o conecta ao mundo corpóreo que é em sua totalidade dependente da Terra (Prithv…). Além da sua importância simbólica na celebração do culto, o Fogo caracteriza-se antes de mais pela visibilidade do seu aspecto e, a este respeito, notemos que o raio (vidyut), está em estreita relação, devido à sua raiz vid, com a luz e a visão, uma forma muito próxima de vidyâ, escreve Guénon, o relâmpago de facto iluminando a escuridão que é, como sabemos, sinónimo de ignorância (avidyâ), sendo o Conhecimento identificado com a luz interior. Mas o Fogo também carrega uma dimensão purificadora, o que explica o seu papel central no processo alquímico, mas também na jornada do ser rumo a estados elevados. Sobre este assunto, o Chhândo-gya Upanishad nos diz, relata Guénon, que o ser que realiza a dêvayana (a jornada divina, ou mais precisamente o “caminho dos deuses”), primeiro passa pelo Reino do Fogo, para passar pelas diversas purificações necessárias para poder continuar sua ascensão.

Ressaltemos, porém, que no centro vital, ou seja, a residência de Purusha, não há mais nenhum vestígio do Fogo visível, do elemento ígneo, tudo brilha com a radiação única e própria de Purusha, conforme sua própria clareza. É por isso que no Bhagavad-Gîtâ se pede que procuremos o lugar onde o retorno não existe mais, que busquemos refúgio no Purusha primordial, porque: “Este lugar, nem o sol, nem a lua, nem o Fogo o iluminam: esta é a minha morada suprema” (Bhagavad-Gîtâ, XV, 4-6).

(HDV, cap. III, “O centro vital do ser humano, morada de Brahma”, cap. XIII, “O estado de sonho ou a composição de Taijasa”, cap. XXI, “A jornada divina do ser em processo de liberação”.)

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