Hermes

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Mensageiro dos deuses e seu intérprete (hermeneutes), segundo a mitologia grega antiga, Hermes representa não apenas a Sabedoria e o conhecimento, mas também o intermediário entre os mundos celeste e terrestre. O seu principal atributo, o caduceu, é um sinal seguro, para René Guénon, da sua relação com a “alquimia humana” e do seu papel na progressão ou possibilidades do estado subtil. Os gregos consideravam Hermes o equivalente ao deus egípcio Thoth, o que indica uma espécie de continuidade doutrinária da tradição sacerdotal do antigo Egito dentro da mitologia grega.

“Na tradição islâmica”, observa Guénon, “Seyidna Idris é identificada tanto com Hermes como com Enoque; esta dupla assimilação parece indicar uma continuidade da tradição que remonta além do sacerdócio egípcio”, tendo este último sido certamente o herdeiro da tradição “Henoquiana” relativa a um período muito distante.

Além deste aspecto, notemos que o planeta Mercúrio, o planeta de Hermes, é na Índia chamado Budha que significa propriamente “Sabedoria”, ainda que este Budha não deva ser identificado com o Buda Shakya-muni. É interessante ver que a mãe do Buda histórico se chama Mâyâ-Devî, e que a mãe do deus Hermes ou Mercúrio se chama Maïa. (A título de curiosidade, indica Guénon, o mês de maio leva o nome de Maïa, mãe de Hermes, que no cristianismo se tornou o mês de Maria.)

Por outro lado, longe de ser ignorado pela tradição islâmica, Hermes, que é chamado de El-muthalleth bil-hikam, ou “Tríplice em sabedoria” (triplicidade do grego Trismegistos), apresenta-se em forma tripla: Hermes El-Harâmesh (Hermes de Hermes, o Hermes antediluviano); depois, dois Hermes pós-diluvianos: El-Balbelî (Hermes babilônico) e El-Miçrî (Hermes egípcio).

(FTCC, “Hermes”, “A Tumba de Hermes”. RGAI, cap. XLI, “Algumas Considerações sobre Hermetismo”.)

Veja Enoque, Hermetismo, Mâyâ, Sabedoria.