O papel dos “Guardiões” deve ser entendido no nível tradicional, “dando a este termo uma extensão maior do que normalmente se faz”, como muito bem diz René Guénon, ou seja, dando-lhe uma missão iniciática de natureza espiritual e cavalheiresca. Esta extensão maior em questão, e que toca nesta missão iniciática, aplica-se no sentido próprio e específico da guarda realizada por aqueles cuja função é zelar pela “Terra Secreta”, a “Terra da imortalidade” que é, entre todos os povos e em todas as tradições, o Centro espiritual sem localização geográfica determinada ou fixa, mas que simbolicamente tem a sua estadia no “Palácio sagrado” como diz o Sepher Ietsirah, o “Palácio Interior”, a “Terra Oculta” semelhante para a “Terra Oculta” semelhante ao “Palácio Sagrado”. Centro do Mundo”, na Shekinah, onde reside a Presença divina, o Santo Tabernáculo (Mishkan).
Esta guarda confiada aos “Guardiões da Terra Santa” é a missão mais exigente que existe, que exige a maior vigilância e o compromisso absoluto, porque não há função mais importante, não há dever mais imperativo.
Contudo, segundo Guénon, o papel atribuído aos Guardiões tem uma dupla função, a de defender, como vimos inicialmente, a “Terra Santa”, e de “negar o acesso a quem não tem as qualificações necessárias para nela entrar, constituindo assim a sua cobertura externa”, mas também asseguram, por se situarem no limite do centro espiritual no último dos três recintos, as relações com o mundo exterior e mantêm ligações com a Tradição primordial. Esta dupla função, específica dos homens pertencentes à segunda casta, ou seja, a dos Kshatri-yas, explica o caráter particular da sua iniciação e, em particular, a presença nela de elementos cavalheirescos e monásticos, dos quais os Templários deram a imagem perfeita no Ocidente.
(SFCS, cap. XI, “Os Guardiões da Terra Santa”.)
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