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A Haqiqah é o equivalente esotérico e metafísico da shariyah, ou seja, no Islão, a lei social e exotérica. Seyidi Mohyiddin ibn Arabi, explica que a Haqîqah é face à shariyâh, como o núcleo (el-lobb) em relação à casca, ou seja, a Verdade essencial apenas “reservada para aqueles que sabem descobri-la sob as aparências e alcançá-la através das formas externas que a cobrem, protegendo-a e ocultando-a ao mesmo tempo”. A Haqîqah está portanto ligada ao Centro, ao que a tradição do Extremo Oriente chama de “o meio invariável”, é o caminho estreito, o caminho dos poucos para o qual são conduzidos aqueles que concordam em sair da circunferência para entrar no segredo do Centro. Esta passagem também se realiza através da tarîqah, que é o raio que conduz ao Ponto único, aquele que dá acesso à “simplicidade do estado primordial”.
Devemos, portanto, furar o envelope, rasgar o véu para alcançar e ver o Princípio, para penetrar no domínio de Haqîqah, o domínio mais interior, onde reina o Grande Silêncio, o domínio da Grande Paz, aquilo que é invisível para aqueles que não têm os olhos da alma.
Lembremo-nos, no entanto, como bem salienta René Guénon, que se o Centro é de fato o ponto mais interior, “assim que o tivermos alcançado, já não pode haver qualquer questão de exterior ou interior, qualquer distinção contingente desaparece então, resolvendo-se numa unidade de princípio”. Da mesma forma, além disso, se Allah é chamado de “Primeiro”, ele também é o “Último” (El-awwal wa El-Akher), como também é “o Exterior e o Interior” (El-Zâher wa El-Bâten), porque nada está fora Dele, ele é o Único, a Verdade total e absoluta.
(RGSC, cap. XXIII, “Significado do eixo vertical; A influência da Vontade do Céu”. AEIT, cap. II, “a casca e o núcleo”.)
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