Machado

Arma de Parashu-Râma, o machado, por encarnar o poder e o relâmpago, é, do ponto de vista simbólico, idêntico ao martelo do deus nórdico Thor ou o vajra tibetano. É uma arma que, no caso do machado duplo, pelo seu aspecto de dois gumes, tal como a espada também, se apresenta como uma representação do Eixo do Mundo, do poder e da força, da estabilidade e da verticalidade, e mesmo em última instância do Pólo. René Guénon observa também que a figura da “pedra cúbica pontiaguda” aparece muito frequentemente em documentos antigos, encimada por um machado que aparece “equilibrado no topo da pirâmide”. Se esta figura singular sempre foi objeto de questionamento, e em particular para os investigadores maçônicos, Guénon pensa que o Machado parece aqui desempenhar um papel na representação da letra hebraica qoph (em árabe qâf). No entanto, o significado desta letra é precisamente o de “força” ou “poder” (qowah em árabe). Poder que deve ser entendido não só do ponto de vista temporal, mas também e sobretudo espiritual. A este respeito, devido à localização do Machado colocado no topo da pirâmide, “o cume que muitas vezes é considerado como representando o de uma hierarquia espiritual ou iniciática”, temos o direito de pensar que é o poder espiritual ativo mais elevado do mundo, ou seja, o que todas as tradições chamam de “Pólo” ou Eixo universal.

(SFCS, ch. XV, « Un hiéroglyphe du Pôle », ch. XXV, « Les pierres de foudre », ch. XXVI, « Les armes symboliques ».)

Veja Pirâmide, Qâf, Vajra.