Maya (FS)

A divina Maya, que é ao mesmo tempo metacósmica e cósmica, compreende essencialmente as seguintes potências ou funções: primeiro, a função de separação ou desdobramento — começando pela divisão em sujeito e objeto —, cujo objetivo é a produção de um plano de manifestação para as duas funções consecutivas, o Radiação e a Reverberação, aos quais correspondem o movimento e a forma. Assim como, em Deus, a Relatividade constitui, além da Substância absoluta, um plano de atualização do Radiação e da Reverberação como princípios, da mesma forma, ela projetará fora dessa ordem divina — ao se projetar a si mesma — outro plano, eminentemente mais relativo, a saber, o Cosmos total. Ela repetirá dentro desse Cosmos o mesmo processo de segmentação, descendo até o ponto morto que é o mundo material; e em cada um dos planos que ela projetará assim ao descer — mundo angélico, mundo anímico, mundo material —, ela manifestará um modo apropriado de Radiação e Reverberação; não há nenhuma ordem de Relatividade que não envolva essas duas funções ou dimensões. O elemento Substância é representado em cada nível ontológico ou cósmico de acordo com o modo apropriado; ainda mais, a Substância pura ou a Substância em Si está subjacente a cada uma de suas manifestações secundárias.

No mundo material, Maya será o plano espaço-tempo; a Substância será o éter; a Reverberação ou a Imagem será a matéria; o Radiação será a energia. Mas ainda há, evidentemente, aplicações muito mais restritas do mesmo simbolismo; isso é necessariamente assim, uma vez que toda matéria, toda forma e todo movimento ou mudança se referem respectivamente aos três princípios em questão. A complementaridade “espaço-tempo” — ou “extensão-duração” concreta — indica, além disso, que há, na Relatividade ou na Existência como tal, duas dimensões, uma expansiva e conservadora e a outra transformadora e destrutiva; daí a complementaridade entre os mundos e os ciclos em todos os níveis do Universo. No próprio Deus, o elemento “Espaço” é a Maya na medida em que ela contém ou conserva as possibilidades, e o elemento “Tempo” é a Maya na medida em que ela as transmite ao mundo; a primeira face é intrínseca e contemplativa, e a segunda extrínseca e criativa, ou, em outras palavras: a primeira face contempla o enraizamento indiferenciado das possibilidades na Substância, enquanto a segunda realiza essas possibilidades com vistas à sua manifestação cósmica.

(FS-FSR)