Equilíbrio

(DRG)

O equilíbrio é, segundo René Guénon, “uma imagem da Unidade de princípios no manifestado”. Contudo, este verdadeiro Equilíbrio só se encontra no centro da Cruz, onde todas as oposições são resolvidas, onde se pode alcançar a autêntica harmonia das contradições. Este ponto central, que o esoterismo islâmico chama de el-maqâmul-ilahî, huwa maqâm ijtimâ ed-diddaîn, ou seja, a “estação divina que reúne contrastes e antinomias”, é o Centro de onde toda atividade tem sua fonte e para onde retorna inexoravelmente. Este lugar de perfeito Equilíbrio está intimamente relacionado, segundo Guénon, com “a independência daquele que, liberto de todas as coisas contingentes, chegou ao conhecimento da verdade imutável”, confirmando assim as palavras do Evangelho: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todo o resto vos será acrescentado” (Mat. VII, 33; Lc, XII, 31). Esta frase dos Evangelhos, diz-nos Guénon, deve ser considerada como uma forma, sob a forma de uma frase que também testemunha uma grande sabedoria, de sublinhar a estreita relação existente entre a justiça e o Equilíbrio.

Por sua vez, a tradição do Extremo Oriente chama o lugar de equilíbrio perfeito de “o Meio Invariável”, ou o centro da roda cósmica, onde se reflete a “Atividade do Céu”. Este “Ambiente Invariável”, sempre livre de qualquer variação, está localizado além do vazio e do não-vazio, eternamente não afetado, imutável.

Sobre este aspecto da superação do vazio, Guénon reafirmará no seu estudo intitulado “Os Princípios do Cálculo Infinitesimal”, o verdadeiro carácter metafísico do Equilíbrio, sublinhando brilhantemente que este não era identificável com o zero, erroneamente percebido como nada, mas pelo contrário com a unidade como harmonia das oposições. “Longe de ser o estado de inexistência”, escreve ele, “o equilíbrio é, pelo contrário, a existência considerada em si mesma”, o equilíbrio não é, portanto, um estado de ausência, é “pura presença”, o reflexo em cada ser da “Atividade do Céu”.

(RGSC, cap. VII, “A resolução das oposições”, cap. VII, “Guerra e paz”, cap. XXIII, “Significado do Eixo Vertical; A influência da vontade do Céu”. RQST, cap. XXI, “Caim e Abel”. RGPCI, cap. XVII, “Representação do Equilíbrio de Forças”.)

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